Mitos e lendas de Buenos Aires: Cemitério Recoleta

 

Qual cidade no mundo, não possui suas historias, mitos e lendas, que nos faziam (ou ainda fazem) perder o sono durante a noite.

Quem não lembra da loira do banheiro, o homem do saco, até o  lobisomem?

Buenos Aires, não poderia ser diferente. E começando nada mais, nada menos do que pelo cemitério Recoleta.

Lugar onde repousam mais de 350.000 almas, incluindo 25 presidentes, quatro governadores bonaerenses, 200 heróis de guerra da independência e 100 governadores de outros estados.

Vou tentar manter o ritmo e colocar algumas historias desse cemitério aqui para vocês.

O sequestro

Numa noite fria de 1881, os autos proclamados Cavaleiros da Noite, liderados por um nobre belga de 27 anos, Afonso Kerchowen de Penharada, sequestraram o caixão do cemitério da Recoleta, onde jaziam os restos mortais de Inês Indart de Dorrego. Exigiam o pago, no prazo máximo de 24 horas, de cinco milhões de pesos para devolver os restos da cunhada de um dos maiores mártires da historia, o governador de Buenos Aires, Manoel Dorrego. Caso contrario, o sobrenome da família seria manchado para sempre.

A chantagem chegou rapidamente ao Palácio Miró, sobre a rua Córdoba. Ali, Felisa Dorrego de Miró, filha da defunta sequestrada, deu queixa na policia, porém antes consultou seu mordomo. “ Impossível sair do cemitério com um caixão tão pesado sem que ninguém tivesse percebido”. Suspeitaram do pobre servente, quem havia carregado com honra o caixão durante a cerimonia fúnebre.

Estavam corretos. Os restos nunca saíram dali e se encontravam intactos no sarcófago da família. Porém a policia continuou com o jogo. Depositou uma caixa com notas falsas no lugar indicado, instruiu a família a fazer o pagamento e prendeu a quadrilha.

Porém os Cavaleiros da Noite foram exonerados: a lei nada dizia sobre o roubo de cadáveres. A partir desse acontecimento, foi incluído o artigo 171, que penaliza de dois a seis anos de prisão aqueles que sequestrarem algum corpo.

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